Salvador 2023 - Vida e cultura

  Antes de escrever essa postagem eu estava tendo dificuldade pensando sobre o que escrever, mas comecei a pensar sobre a minha primeira semana aqui e tudo o que eu vivi aqui veio para a minha memória. Um dos primeiros tópicos da minha aula de português era sobre a utilização dos pronomes não binários. A conversa foi sobre se os pronomes verdadeiramente iam/ podiam mudar a língua portuguesa, como é uma língua que utiliza muito o feminino e o masculino na sua fala cotidiana. O que é interessante para mim não é se a língua/sociedade podem mudar, mas sim o fato que essas ideias, talvez não originais dos Estados Unidos mas em parte popularizadas/espalhadas pelo movimento LGBT+ de lá, têm influenciado outros movimentos LGBT+ do mundo e as conversas cotidianas nos seus respectivos países, como aqui no Brasil. Outro acontecimento interessante foi que eu fui fazer as minhas unhas no rio vermelho a minha primeira semana aqui. Quando eu entrei nesse espaço tipicamente composto só pelas mulhe...

  O tema que ficou na minha cabeça em relação ao gênero e à sexualidade foi o feminicídio. Na verdade, foi aterrador ouvir as experiências da tenente Denice Major que pôr em risco sua vida lutando para defender as mulheres. A violência contra as mulheres tem piorado ao longo do tempo por duas razões. A primeira é por causa da misoginia. Quer dizer, todos aqueles que sentem a liberdade de escolher quais lugares são para mulheres e quais não. Infelizmente, a segunda razão é o simples fato de ser mulher. Quiçá, a violência histórica contra as mulheres neste país não tem sido suficiente para provar que somos seres humanos e que nossas vidas neste mundo têm valor bem como os homens. No momento em que a história do Brasil começa, também começou a sexualização das mulheres. Por exemplo, as mulheres indígenas, logo depois as mulheres africanas, e hoje em dia toda aquela que seja mulher. Verdadeiramente fiquei pensando naqueles casos que foram ditos na palestra e pensei nessas catorze mulhe...

  Para minha postagem final eu vou falar um pouco sobre a realidade das mulheres negras no Brasil. Eu estava motivado para escrever sobre isso depois da refeição que tivemos no restaurante da Dona Suzana, o edifício amarelo no centro do foto que é localizado no bairro de Gamboa de Baixo. Dona Suzana é um exemplo de mulher afro-brasileira que tem uma empresa de sucesso e tem um papel fundamental na cultura e sociedade brasileira. Essa é verdade para muitas mulheres negras no Brasil e as mulheres negras têm uma presença marcante e significativa na sociedade brasileira. No entanto, a realidade que enfrentam nem sempre é reconhecida ou discutida abertamente. Nesta postagem eu vou falar sobre a vida e os desafios que as mulheres negras enfrentam no Brasil. A primeira questão a ser abordada é a discriminação racial. Apesar dos avanços na legislação anti-racista, muitas mulheres negras ainda são vítimas de preconceito e exclusão. Elas enfrentam dificuldades no acesso à educação, à saúde e...

  Os papéis de gênero feminino no Brasil têm passado por transformações significativas nos últimos anos. As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço na sociedade, ocupando cargos de liderança, participando ativamente da política e se destacando em diversas áreas profissionais. No entanto, ainda existem desafios que as mulheres enfrentam no país. Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres brasileiras é a violência de gênero. Infelizmente, o Brasil ainda apresenta altos índices de violência contra as mulheres, seja física, sexual ou psicológica. Essa realidade é um reflexo da cultura machista enraizada na sociedade, que muitas vezes culpa a vítima e minimiza a gravidade desses crimes.  Além disso, a desigualdade salarial entre homens e mulheres persiste no Brasil. Mesmo com a mesma qualificação e desempenho, as mulheres recebem salários inferiores aos dos homens. Essa disparidade reflete a persistência de estereótipos de gênero e a falta de valorização do tr...

          Durante nossas semanas aqui, já aprendemos muito sobre o assunto de representação de mulheres no Brasil, especialmente mulheres negras. A história do Brasil é escrita profundamente desde uma perspectiva branca e masculina, muito como os EUA, e é raro que as pessoas vejam muito representação de mulheres negras em história, arte, etc. É por isso que eu decidi utilizar essa foto acima. Dá para ver o que eu acredito ser representações de Iemanjá junto com um emblema que diz “Filhas de Gandhy”. Vou primeiramente escrever sobre essas representações. A importância e reverência que são dadas para Iemanjá falam da dinâmica da mulher em comunidades tradicionais afro-brasileiras. Iemanjá é reverenciada fortemente e, no mesmo sentido, muita atenção parece ser dada para as mulheres na comunidade. Parece comum, pelo menos para mim, que o papel da mulher seja lembrado pela recoleção de história oral, como os casos das lutadoras durante a guerra de independênci...

  Algo que aprendi durante esta semana foi a importância das mulheres indígenas na representação política como Sonia Guajajara Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, demonstrando que elas podem fazer parte do processo político deste país e que ser índio não é só viver na floresta, mas poder participar, construir e ajudar a proteger a humanidade. Aprendi também com a luta das mulheres, as dificuldades, como os papéis tradicionais de gênero que existem até hoje, uma que está muito presente aqui no Brasil e em outros países é que trabalho doméstico é coisa de mulher, o que é totalmente errado. O trabalho doméstico deve ser valorizado como qualquer outro trabalho. Escolhi esta foto que tire na Cachoeira porque ela me trouxe à memória do texto da leitura que lemos em aula “A consciência de que a identidade de gênero não se desdobra naturalmente em solidariedade racial intragênero conduziu as mulheres negras a enfrentar, no interior do próprio movimento feminista, as contradições e as d...

  Para esta postagem, eu escolhi duas fotos de Balé Folclórico da Bahia e da ativista e figura anti-escravidão bem-conhecida, Sojourner Truth. Soujourner Truth foi uma pessoa escravizada que fugiu escravidão e tornou-se ativista de direitos civis e de mulheres. Ela é bem conhecida por seu discurso intitulado “Eu não sou uma mulher” (“Ain’t I a Woman"), que demonstra os temas que discutimos e minhas experiências pessoais. Neste discurso, Sojourner falou sobre a hipocrisia dos argumentos por homens que não apoiam os direitos das mulheres. Como uma mulher negra, “ninguém nunca [a] ajuda dentro de carruagens, ou por cima de poças de lama, ou dá [para ela] qualquer melhor lugar! E não sou uma mulher?” Ela não é percebida como uma vítima ou uma mulher que precisa ser salva, ser protegida, e ser cuidada. Em vez disso, ela é masculinizada e percebida como sendo útil ou importante quando ela está trabalhando para seus donos: “Olha me! Olha para meu braço! Eu arava, plantava, juntava em cel...

  Tirei essa foto na viagem a Cachoeira e o Kaonge quilombo. Acho que essa foto mostra a importância das mulheres na cultura brasileira. Nesse quilombo, a mulher que está sentada tem 98 anos, e ela ainda tem um papel importante para a manutenção e vida diária no quilombo. Ela faz xarope e outras bebidas medicinais com as folhas e as ervas que estão na mesa na foto. Adicionalmente, estão muitas outras mulheres importantes na foto também. Na esquerda está Clara Ramos, a mulher que é responsável por planejar nossas atividades e nosso tempo aqui em Salvador. Ela é uma mulher extraordinária e um exemplo do poder das mulheres brasileiras. Em adição há duas mulheres muito importantes para nosso entendimento da cultura brasileira: Professoras Cris e Alida. Elas são incríveis e nosso tempo aqui foi mais agradável por causa da ajuda e orientação delas.  Na minha experiência aqui em Salvador, eu percebi os papéis das mulheres e os lugares diferentes que elas podem ocupar. No quilombo, as...

  Grace Harten Gênero e sexualidade 15 de julho 2023 Eu escolhi esta foto do balé folclórico que visitamos esta semana. Essa foto é muito importante porque representa coisas sobre superioridade e sexualidade. Eu acho que muitas coisas mudaram desde o objetivo desse desempenho. Quando eu estava assistindo, eu percebi que as mulheres e os homens estavam usando vestidos durante o espetáculo. Mas, é importante perceber que mulheres e homens estavam usando roupas diferentes no início do show. No roupas no início do show eram homens usando vestidos também, que é visto como uma ‘errado’ por algumas pessoas.  Durante meu tempo aqui no Brasil, eu aprendi que roupas são importantes para a sexualidade das pessoas. Eu acho que aqui as pessoas são mais livres em comparação aos Estados Unidos. Muitas mulheres aqui costumam usar vestidos muito longos ou shorts, mas na América as pessoas costumam vestir qualquer coisa. Com isso sendo dito, as pessoas na América são mais críticas do que aqui. ...

Esta foto foi tirada em 7 de junho na casa da minha mãe. Na foto, vê-se a cidade escura por fora e as luzes por dentro. Acho que essa foto pode representar parcialmente as lutas de desigualdade que as mulheres enfrentam no Brasil. Quando cheguei ao Brasil, me disseram para não sair de casa e não fazer nada sozinha. Isso é ainda mais crucial à noite. Eu me sinto menos segura no Brasil como mulher do que nos Estados Unidos. No lugar de onde eu sou, é seguro fazer qualquer coisa a qualquer momento como mulher. Quando eu me mudei para Athens, eu aprendi que em certos lugares e em certas horas, eu não devo ficar sozinha. No Brasil, nunca vou a lugar nenhum sozinha. A ameaça do perigo tira um pouco da independência das mulheres. Elas são forçadas a confiar em outra pessoa para manter sua segurança pessoal.  Embora todas as mulheres enfrentam dificuldades no Brasil, acho que é importante falar sobre o perigo excessivo enfrentado pelas mulheres negras. Quando o palestrante discutiu esse ...

  O que é sexualidade? Para algumas pessoas, sexualidade e gênero confrontam o porquê de suas ideias e como eles encaram sua própria identidade como pessoa, já outros têm ideias claras, mas outras percepções são borradas por ações e estilo. Essa foto foi há duas noites, quando estava comendo uma fantasia durante uma festa de barbie.  Na festa, eu estava vestido de Ken, o homem do filme. Vou dar um pouco mais de  contexto.  Sou um homem heterossexual, mas gosto moda e me vestir para diferentes ocasiões. Estava decidindo se eu devia comprar essas calças, então eu enviei uma mensagem à minha mãe pedindo sua opinião, e ela disse “sinceramente,  você deve comprá-la para usá-la na sua festa de sair do armário!! Embora ela saiba que sou heterossexual, essa roupa a fez pensar que eu sou gay, devido a esses estereótipos nos Estados Unidos. Quando eu enviei uma mensagem à minha mãe brasileira, ela disse que era muito legal, e achou que era perfeita para mim e que  pr...

No Brasil, assim como nos Estados Unidos, tem um aumento significativo de discussões e movimentos relacionados à igualdade de gênero e à diversidade sexual nas últimas décadas. No entanto, existem diferenças culturais que moldam a maneira como essas questões são percebidas. A luta pelos direitos LGBTQ+ e pelos direitos das mulheres negras são um desafio contínuo. Brasil é conhecido por sua diversidade cultural e aceitação geral das diferenças, mas existem altos índices de discriminação e violência contra a comunidade LGBTQ+ e contra as mulheres. Brasil tem muitas mulheres com um rol importante na sociedade e na história como Dandara, Maria Felipa, Maria Quitéria que formam gram parte da história do país, e deidades como Iemanjá, quem está representada na foto. Mas, ainda como estas mulheres na história e na espiritualidade Brasil ainda é um país sexista e inigualitário.  As mulheres negras no Brasil frequentemente enfrentam desigualdade e discriminação. Brasil tem uma longa histó...

        Eu escolhi essa imagem porque mostra características diferentes da sexualidade e gênero. A mulher usando o vestido dourado representa o orixá Oxum, a deusa dos rios, lagos, e águas correntes. Ela mostra um sentido de beleza e feminilidade, mas ela também é muito forte. Do outro lado, o homem usando o vestido azul representa o orixá Ogum, o deus do ferro e da guerra. Acho que é muito interessante que ele use um vestido, mas representa força e poder. Existe uma ideia que homens não podem usar vestidos ou saias sem serem “femininos”, “fracos”, ou “gays”. No entanto, o homem não é fraco, mas um deus da guerra!  Depois que eu vi isso, tornou-se óbvio para mim que roupas não refletem gênero ou sexualidade. Saias, vestidos, cores, e mais não pertencem a grupos  “femininos” ou “masculinos”. São apenas objetos. Também, nos Estados Unidos, existe esta ideia de que as roupas que você usa refletem seu gênero ou sexualidade. Homens que usam roupas “femini...

       A sexualidade é muito importante na vida de cada pessoa. Enquanto quem alguém ama não deve ser um tópico de conversa altamente contestado, sim é na sociedade porque sempre vai haver pessoas que vão acreditar que só existe uma única maneira de demonstrar o amor.  A foto que tirei foi durante nossa palestra sobre a sexualidade no Brasil, dada pelo Professor Leandro Colling. Tem uma lista de literatura gay brasileira. O que eu gostei desta lista é que muitos dos autores são mais velhos, o que significa que eles escreveram esta literatura por muito tempo.  O movimento LGBTQIA+ no Brasil tem uma longa história. Começando nos anos 70, muitas organizações do movimento de direitos gays foram estabelecidas e continuam lutando hoje em dia. Essas organizações criaram visibilidade por diferentes vias, principalmente por meio de desfiles de pride.       O Supremo Tribunal Federal também ajudou a criar igualdade política e social para a comunid...

     Tirei essa foto no Pelourinho, de um restaurante que eu acabei de ver na rua. Ao revisitar minhas fotos semanas depois, percebo que essa placa tem muito a ver com gênero e sexualidade. O uso do tratamento honorífico "Dona" no nome "Dona Baiana" reflete certas dinâmicas associadas aos papéis de gênero e às desigualdades. Na cultura brasileira, o termo "Dona" tem sido tradicionalmente usado como um tratamento honorífico para se dirigir e mostrar respeito às mulheres. É frequentemente usado antes do primeiro nome de uma mulher, especialmente quando se refere a mulheres mais velhas ou mulheres em certas funções (como donas de casa ou trabalhadoras domésticas). Embora "Dona" possa denotar respeito, também pode reforçar papéis de gênero tradicionais e estruturas hierárquicas. O uso de "Dona" como tratamento honorífico tem raízes históricas na sociedade patriarcal do Brasil, onde frequentemente se espera que as mulheres desempenhassem pap...

  Para minha última postagem neste blog, escolhi uma foto que tirei de um almoço que Dona Maria, a faxineira da minha mãe, preparou. Acho que ajuda a mostrar o papel do gênero no Brasil. Dona Maria é considerada a faxineira pela minha mãe. Apesar do nome, ela faz muito mais que apenas a faxina. Ela também faz outras tarefas domésticas, como a preparação de comida. Ela faz o "trabalho de mulher" na casa. É esperado que ela prepare um almoço grande, mesmo quando só eu estiver almoçando em casa. Como faxineira, Dona Maria exemplifica a experiência de muitas mulheres, especialmente mulheres negras. Segundo Sueli Carneiro, mais de uma metade das mulheres negras trabalham na esfera doméstica. Dona Maria é apenas uma das milhões de mulheres negras trabalhando, especialmente trabalhando para famílias brancas. Apesar dos avanços das mulheres nos últimos anos, esses avanços afetam mulheres brancas e ricas muito mais que mulheres negras e pobres. Por exemplo, mais mulheres estão estud...

  A foto acima foi tirada no Quilombo Kaonge, uma de múltiplas comunidades encontradas ao redor da cidade histórica de Cachoeira na Bahia. Uma das coisas que faz essa comunidade única é a sua moeda independente conhecida como sururu. A moeda de sururu foi estabelecida como uma maneira de recolher dinheiro para a comunidade de Kaonge através de doações e estabelecer um banco independente sem juros. O sururu inclusive tem recebido reconhecimento como uma moeda independente pelas outras 17 comunidades tendo o mesmo valor que um real. A comunidade de Kaonge começou com pouco dinheiro, porém por meio de feira organizadas ao lado de outras comunidades da área têm crescido o estoque de dinheiro no seu banco e na sua comunidade. Produtos vendidos nas feiras são feitos pelas mesmas comunidades que produzem tudo à mão como o dendê, licores, remédios, a coleta de pesca etc. Essa mesma independência representada pela comunidade de Kaonge e o que faz os quilombos espaços de extrema importância ...

  Antes de mais nada, os quilombos foram e ainda são espaços de proteção e resistência para aqueles que foram escravizados. Como também são espaços de luta contra a escravidão e, hoje em dia, contra a discriminação. Sem dúvida, essas comunidades se formaram há muitos anos atrás, mas nem sempre foram reconhecidas e apoiadas pelo resto da sociedade. Entretanto, eu notei um padrão em relação às lideranças nas quais as mulheres têm papéis importantes. O Quilombo Kaonge em Cachoeira, que nós visitamos, me ensinou sobre o estilo de vida que quarenta e cinco indivíduos têm  apesar de encarar tantos desafios. Por exemplo, a criação da sua própria moeda não foi fácil, mas com ajuda do governo Lula, em seus mandatos anteriores, eles conseguiram aprovar o dinheiro com o nome de sururus e se expandir. Isso quer dizer que a sua luta foi tão forte que ninguém logrou diminuir sua resistência embora não tenham tido os mesmos recursos disponíveis. Eu fiquei surpresa e com um sentimento de humi...