Gênero e Sexualidade - Elise Beukelman

   

Tirei essa foto no Pelourinho, de um restaurante que eu acabei de ver na rua. Ao revisitar minhas fotos semanas depois, percebo que essa placa tem muito a ver com gênero e sexualidade.

O uso do tratamento honorífico "Dona" no nome "Dona Baiana" reflete certas dinâmicas associadas aos papéis de gênero e às desigualdades. Na cultura brasileira, o termo "Dona" tem sido tradicionalmente usado como um tratamento honorífico para se dirigir e mostrar respeito às mulheres. É frequentemente usado antes do primeiro nome de uma mulher, especialmente quando se refere a mulheres mais velhas ou mulheres em certas funções (como donas de casa ou trabalhadoras domésticas). Embora "Dona" possa denotar respeito, também pode reforçar papéis de gênero tradicionais e estruturas hierárquicas.

O uso de "Dona" como tratamento honorífico tem raízes históricas na sociedade patriarcal do Brasil, onde frequentemente se espera que as mulheres desempenhassem papéis específicos dentro do lar. Esses papéis envolvem o trabalho doméstico, cuidados e a manutenção das estruturas familiares. O termo "Dona" tem sido associado a esses papéis domésticos e pode reforçar expectativas de gênero tradicionais e desigualdades.

A associação das mulheres ao trabalho doméstico e aos cuidados perpetua uma divisão do trabalho que desvaloriza e limita as oportunidades das mulheres fora de casa. Isso contribui para disparidades de gênero no mercado de trabalho, no qual as mulheres frequentemente se concentram em ocupações de menor remuneração e menos prestígio. Mulheres, especialmente aquelas de origens marginalizadas, enfrentam desafios no acesso à educação, emprego e recursos econômicos, o que perpetua ainda mais a desigualdade de gênero.