Gênero e Sexualidade - Ramiro E. Villegas
Antes de escrever essa postagem eu estava tendo dificuldade pensando sobre o que escrever, mas comecei a pensar sobre a minha primeira semana aqui e tudo o que eu vivi aqui veio para a minha memória. Um dos primeiros tópicos da minha aula de português era sobre a utilização dos pronomes não binários. A conversa foi sobre se os pronomes verdadeiramente iam/ podiam mudar a língua portuguesa, como é uma língua que utiliza muito o feminino e o masculino na sua fala cotidiana. O que é interessante para mim não é se a língua/sociedade podem mudar, mas sim o fato que essas ideias, talvez não originais dos Estados Unidos mas em parte popularizadas/espalhadas pelo movimento LGBT+ de lá, têm influenciado outros movimentos LGBT+ do mundo e as conversas cotidianas nos seus respectivos países, como aqui no Brasil. Outro acontecimento interessante foi que eu fui fazer as minhas unhas no rio vermelho a minha primeira semana aqui. Quando eu entrei nesse espaço tipicamente composto só pelas mulheres, recebi alguns olhares como se a minha presença ali fosse errada, mas isso é típico de qualquer país no que eu tinha estado em. Eu entendo por que a minha presença nesses espaços às vezes pode ser inconfortável para as mulheres que frequentam esses lugares. Em parte tem a ver com as normas de gênero impostas em nós todos mas também porque esses espaços são lugares de seguridade para as mulheres que se podem sentir expostas pela presença dum homem como eu lá. Eu entendo isso, tenho entendido isso desde que era pequeno, as mulheres são expostas à muitas coisas só por serem mulheres que só elas podem entender. É algo que eu sei das minhas amigas e das mulheres na minha família, mas às vezes também é algo que me doe saber um pouco, o fato que sempre existirá uma conexão que eu jamais terei com as mulheres importantes da minha vida, mas tudo bem eu entendo isso também. Por último vou falar um pouco sobre a minha primeira parada de orgulho na qual eu participei o meu segundo fim de semana no Brasil, em São Paulo. Acho que o que mais me impactou sobre isso foi ver a quantidade de pessoas LGBT+ que eu vi no metrô e a imensa ocupação de espaço que aconteceu nesse dia. A parada de orgulho em São Paulo é a maior do mundo e acho importante num país onde a maior quantidade de pessoas LGBT+ são assassinadas cada ano. O fato de nós tivemos feito isso é poderoso porque mostrou para cada pessoa ali que os nossos corpos e as nossas histórias são importantes.
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